Mães: O Ativo Inegociável da Vida

Uma Homenagem Ao Amor Que Não Se Esquece
Hoje é aquele dia em que o calendário para, o comércio ferve e os filhos correm para comprar flores, chocolates ou, para os mais atrasados, aquele cartão de última hora na papelaria da esquina. O Dia das Mães não é só uma data comercial, embora os shoppings queiram te convencer disso. É um momento de parar e olhar para trás, para quem nos trouxe ao mundo, para quem segurou nossa mão quando o mundo parecia grande demais. E, num tempo em que tudo parece mudar mais rápido que a bolsa de valores em dia de payroll, vale a pena falar sobre por que essa tradição de honrar as mães continua sendo um ativo de valor inestimável. Este artigo é também uma homenagem à minha mãe, que perdi há três anos. Ela era uma mulher amável, atenciosa, que fazia questão de estar perto e ter os filhos por perto, sempre com um sorriso que aquecia qualquer ambiente e uma presença que fazia a casa parecer um lar.
Vamos começar com o óbvio: Ser mãe é a profissão mais subvalorizada do planeta. Não tem salário, não tem folga, não tem plano de carreira. O pacote de benefícios? Um desenho rabiscado na pré-escola, um abraço desajeitado na adolescência e, se tudo der certo, um telefonema no domingo à tarde quando você já está morando em outra cidade. Mas, como qualquer investidor sabe, o verdadeiro retorno não está no curto prazo. Mães aplicam no “Position Trade”, plantando sementes que só vão florescer décadas depois, quando você finalmente entende que aquele conselho “leva o casaco” não era só sobre o frio, mas sobre estar preparado para o que vem pela frente. Minha mãe era mestre nisso, sempre com uma palavra certa na hora exata, como se tivesse um radar para saber quando eu precisava de um empurrão ou de um colo.
Olhando pelo retrovisor da história, a celebração das mães não é invenção de loja de departamento. Tem raízes profundas, que vão desde as festas gregas para Reia, a mãe dos deuses, até os cultos medievais à Virgem Maria. No mundo moderno, a coisa ganhou forma nos Estados Unidos, com Anna Jarvis, que em 1908 conseguiu transformar o luto pela própria mãe em uma data nacional. Ironia do destino
Anna passou o resto da vida brigando contra a comercialização do Dia das Mães, achando que flores de plástico e cartões prontos traíam o espírito da coisa. Ela tinha um ponto. A essência não está no presente embrulhado, mas no reconhecimento de um papel que, sem exagero, sustenta a civilização.
Minha mãe entendia isso; para ela, o maior presente era ver a família reunida, rindo ao redor da mesa, mesmo que o prato fosse simples.
Agora, vamos trazer isso para o século 21, onde tudo é corrido, o celular não para de apitar e a palavra “multitarefa” parece ter sido inventada para definir a vida de uma mãe. A macroeconomia nos ensina que o trabalho doméstico, majoritariamente feito por mulheres, é um pilar invisível do PIB. Estudos do IBGE e da OIT estimam que, se fosse remunerado, o trabalho não pago de cuidados e tarefas do lar representaria algo entre 10% e 20% do produto interno bruto em muitos países. Isso sem falar no impacto intangível: mães moldam caráter, incutem valores, ensinam resiliência. Num mundo obcecado por métricas, como você quantifica o impacto de alguém que te ensinou a levantar depois de cair? Minha mãe fazia isso com uma naturalidade que só agora, olhando para trás, percebo o quanto era extraordinária.
Mas nem tudo são flores – e não falo só das que você esqueceu de comprar. A sociedade moderna, com sua mania de reinventar a roda, às vezes menospreza o papel tradicional da mãe. Há uma pressão para que sejam tudo ao mesmo tempo: empreendedoras, influencers, fitness, executivas, enquanto ainda fazem o dever de casa com os filhos e garantem o jantar na mesa. Não me entenda mal: empoderamento é ótimo, mas essa corrida por performance pode diluir o que realmente importa. A força de uma mãe não está em ser uma “super-heroína” de capa brilhante, mas em ser o porto seguro, a voz que acalma, a referência que não desmorona quando tudo mais parece estar em queda livre. Minha mãe era esse porto, sempre pronta para ouvir, aconselhar ou só estar ali, com uma xícara de café e um olhar que dizia “vai ficar tudo bem”.
Tradição não é sinônimo de estagnação. Honrar as mães é lembrar que os fundamentos nunca saem de moda. Respeito, gratidão, tempo de qualidade – esses são os “blue chips” da vida familiar, aqueles ativos que nunca quebram, não importa o quanto o mercado oscile. A Bíblia, em Êxodo 20:12, não manda honrar pai e mãe à toa; é um lembrete de que a estrutura familiar é a base de qualquer sociedade que pretende durar mais que uma temporada de reality show. E, sim, isso inclui parar para ouvir as histórias repetidas da sua mãe sobre como você era teimoso aos cinco anos. Spoiler: você provavelmente ainda é. Minha mãe adorava contar essas histórias, e hoje daria qualquer coisa para ouvi-las mais uma vez.
Agora, um toque de pragmatismo, porque inspiração sem ação é só poesia barata. Este Dia das Mães, não caia na armadilha do piloto automático. Um presente é legal, mas o que realmente faz diferença é presença. Desligue o celular, sente para tomar um café, pergunte como ela está – e escute de verdade. Se a distância for grande, uma ligação de vídeo é melhor que uma mensagem de texto copiada do WhatsApp. E, se você é do tipo que gosta de planejar, que tal investir num fundo de memórias? Um almoço mensal, uma viagem juntos, ou até ajudar com algo que ela precisa, como consertar aquela torneira que pinga há meses. Pequenos gestos rendem dividendos emocionais que nenhuma ação da B3 pode igualar. Para quem, como eu, não tem mais a mãe por perto, honre sua memória vivendo os valores que ela te ensinou e mantendo viva a chama do que ela representava.
Por fim, um recado para quem ainda está na correria do dia a dia e acha que “mãe é mãe, sempre vai estar aí”: o tempo é o único ativo que não se recupera. Aproveite enquanto ela está aqui para rir das suas piadas ruins, corrigir sua postura e te mandar tomar água. O Dia das Mães é um lembrete, mas a gratidão é um exercício diário. Então, vá lá, faça aquele telefonema, compre as flores, ou só diga “te amo” sem esperar uma data marcada no calendário. Porque, no fim das contas, o maior presente que você pode dar é reconhecer que, sem ela, você não estaria aqui – literalmente. E para minha mãe, meu eterno obrigada por ter sido o melhor exemplo de amor, cuidado e presença que eu poderia ter tido.
Que texto mais reflexivo e verdadeiro! Na verdade não deveríamos esperar uma data especial para valorizar quem é realmente especial para nós! Suas palavras com certeza foram instruídas por Deus para nos fazer refletir, obrigada amiga por através da dor que passou antes nos fazer enxergarmos além! ❤️🙏🏼